
Poucas bandas na história do rock possuem um legado tão sólido e influente quanto o Deep Purple. Com uma trajetória que abrange mais de cinco décadas, o grupo britânico ajudou a moldar o hard rock e o heavy metal, inspirando gerações de músicos e conquistando milhões de fãs ao redor do mundo. Sua história é marcada por inovações musicais, mudanças de formação e álbuns que se tornaram clássicos eternos.
A Formação e os Primeiros Anos
O Deep Purple foi formado em 1968, em Hertford, na Inglaterra. A formação original contava com Ritchie Blackmore (guitarra), Jon Lord (teclado), Ian Paice (bateria), Rod Evans (vocal) e Nick Simper (baixo). Inicialmente, o som da banda misturava rock psicodélico e progressivo, como evidenciado nos primeiros álbuns, Shades of Deep Purple (1968) e The Book of Taliesyn (1968).
O cover de “Hush”, de Joe South, foi o primeiro grande sucesso do grupo nos Estados Unidos, abrindo portas para turnês internacionais. No entanto, a verdadeira identidade musical do Deep Purple começaria a se formar com a segunda grande fase da banda.
O Deep Purple Mark II: A Era de Ouro
Em 1969, ocorreram mudanças cruciais: Ian Gillan assumiu os vocais e Roger Glover o baixo. Esta formação — conhecida como “Mark II” — é considerada a mais icônica da história da banda. Com essa nova configuração, o Deep Purple mergulhou em um som mais pesado e agressivo, ajudando a definir o hard rock e o heavy metal.
Álbuns como In Rock (1970), Fireball (1971), Machine Head (1972) e o ao vivo Made in Japan (1972) são marcos desse período. Músicas como “Smoke on the Water”, “Highway Star” e “Child in Time” se tornaram hinos, e a guitarra de Ritchie Blackmore, o teclado de Jon Lord e a poderosa voz de Ian Gillan elevaram a banda a um novo patamar.
“Smoke on the Water” e o Reconhecimento Mundial
“Smoke on the Water” é, sem dúvida, a música mais conhecida do Deep Purple. Lançada no álbum Machine Head, a canção narra um incidente real — o incêndio no cassino de Montreux, na Suíça, durante uma apresentação de Frank Zappa, onde a banda estava prestes a gravar.
O riff de guitarra, simples e poderoso, é reconhecido instantaneamente e frequentemente citado como um dos maiores riffs da história do rock. Esse sucesso catapultou o Deep Purple para o estrelato global.
Mudanças de Formação e Novas Fases
A estabilidade da formação Mark II não duraria para sempre. Em 1973, Ian Gillan e Roger Glover deixaram a banda. David Coverdale (vocal) e Glenn Hughes (baixo e vocal) foram recrutados, e o som da banda começou a incorporar elementos de soul e funk, como pode ser ouvido em álbuns como Burn (1974) e Stormbringer (1974).
Em 1975, Ritchie Blackmore também saiu, insatisfeito com a direção musical da banda, e fundou o Rainbow. Tommy Bolin entrou para substituí-lo, e a banda lançou Come Taste the Band (1975), mas as tensões internas e problemas com drogas levaram ao fim da primeira fase do Deep Purple em 1976.
A Reunião e a Consagração
Em 1984, a formação Mark II se reuniu para lançar Perfect Strangers, um dos álbuns mais bem-sucedidos da banda. Com hits como a faixa-título e “Knocking at Your Back Door”, o Deep Purple voltou ao topo das paradas e aos grandes palcos.
Desde então, a banda passou por novas mudanças de formação, mas manteve sua relevância no cenário do rock. Músicos como Joe Lynn Turner, Steve Morse e Don Airey contribuíram para manter o som do Deep Purple vivo e pulsante.
Legado e Influência
O impacto do Deep Purple na música é incalculável. Eles são frequentemente citados como uma das “três grandes” bandas pioneiras do heavy metal, ao lado do Led Zeppelin e do Black Sabbath. Sua inovação no uso de guitarras e teclados pesados, a habilidade técnica dos músicos e as performances ao vivo explosivas serviram de modelo para incontáveis bandas que vieram depois.
Em 2016, o Deep Purple foi finalmente incluído no Rock and Roll Hall of Fame, uma homenagem merecida a sua influência duradoura.
Até hoje, o Deep Purple continua em atividade, lançando novos álbuns e realizando turnês mundiais, provando que sua música transcende gerações.