Introdução
Better Call Saul é muito mais do que um simples spin-off de Breaking Bad. Criada por Vince Gilligan e Peter Gould, a série mergulha nas origens de Saul Goodman, o carismático e inescrupuloso advogado criminal interpretado por Bob Odenkirk. Ao longo de seis temporadas, Better Call Saul explora com profundidade moral e narrativa a jornada de Jimmy McGill rumo à sua persona definitiva, Saul Goodman. Com uma trama envolvente, atuações poderosas e direção primorosa, a série consolidou-se como uma das mais aclamadas da era moderna da TV.
Enredo e estrutura
A série se passa antes dos eventos de Breaking Bad, começando em 2002, e acompanha Jimmy McGill, um advogado de pequenas causas tentando construir sua carreira com integridade, apesar das dificuldades financeiras e das sombras lançadas por seu irmão, Chuck McGill, um advogado renomado.
Com o tempo, vemos a transformação gradual e trágica de Jimmy no personagem Saul Goodman – um advogado disposto a fazer qualquer coisa para vencer, mesmo que isso signifique romper com a ética ou a legalidade.
Além da linha temporal principal, a série intercala flash-forwards em preto e branco que mostram Saul após os eventos de Breaking Bad, vivendo sob o pseudônimo “Gene Takavic” em Omaha, Nebraska.
Principais personagens
- Jimmy McGill / Saul Goodman / Gene Takavic (Bob Odenkirk): De advogado esforçado e idealista a um manipulador sedutor da lei, Jimmy é um estudo profundo sobre identidade e corrupção moral.
- Kim Wexler (Rhea Seehorn): Advogada talentosa e moralmente complexa, Kim é o coração emocional da série. Sua jornada é tão impactante quanto a de Jimmy, ganhando destaque próprio ao longo das temporadas.
- Chuck McGill (Michael McKean): Irmão de Jimmy, um advogado brilhante que sofre de hipersensibilidade eletromagnética. Chuck representa o principal antagonista nas temporadas iniciais.
- Mike Ehrmantraut (Jonathan Banks): O ex-policial meticuloso e leal, que entra no mundo do crime como executor e segurança de grandes cartéis.
- Gus Fring (Giancarlo Esposito): Chefão meticuloso do tráfico de drogas, também presente em Breaking Bad. Sua ascensão e rivalidades com outros cartéis são aprofundadas aqui.
- Lalo Salamanca (Tony Dalton): Um dos antagonistas mais marcantes, Lalo é carismático, inteligente e extremamente perigoso.
Relação com Breaking Bad
Embora Better Call Saul funcione de forma independente, fãs de Breaking Bad encontram inúmeras conexões e aprofundamentos. A série não apenas mostra como Jimmy se tornou Saul, mas também revela os bastidores do cartel, o funcionamento da lavanderia industrial de Gus Fring, a origem de personagens como Mike e até a construção do império de drogas que Walter White mais tarde dominará.
A presença de personagens como Hector Salamanca, Tuco, e, posteriormente, Jesse Pinkman e Walter White (nas últimas temporadas), reforça a ligação entre os dois universos.
Análise crítica
Better Call Saul conquistou tanto o público quanto a crítica. Com média acima de 90% no Rotten Tomatoes e várias indicações ao Emmy, a série é frequentemente citada como uma das melhores da década.
O destaque vai para:
- Roteiro impecável: lento, mas denso, emocional e inteligente.
- Atuações memoráveis: especialmente Bob Odenkirk e Rhea Seehorn, que oferecem interpretações complexas e emocionantes.
- Direção e fotografia: estética cuidadosa, simbolismo visual, e cenas que dizem muito mesmo com pouco diálogo.
- Desenvolvimento de personagem: raramente visto com tanta profundidade, a transformação de Jimmy é feita com nuances, erros e tragédias reais.
Temas centrais
- Moralidade e ambiguidade ética: A série discute até que ponto somos responsáveis por nossas escolhas, mesmo quando o sistema está contra nós.
- Identidade e transformação: Jimmy não “se transforma” em Saul — ele sempre foi, em parte, esse personagem. A série apenas revela essa faceta, camada por camada.
- Consequências: Toda ação, mesmo as aparentemente inofensivas, gera reações imprevisíveis. Better Call Saul é um estudo doloroso sobre o efeito dominó.
Curiosidades
- A série foi originalmente concebida como uma comédia leve, mas tomou um rumo dramático mais denso com o tempo.
- Bob Odenkirk sofreu um infarto durante as filmagens da última temporada e chegou a ficar desacordado por minutos. Após se recuperar, retornou ao papel com ainda mais intensidade.
- Rhea Seehorn, mesmo sem ganhar um Emmy pelas primeiras cinco temporadas, tornou-se uma das atrizes mais elogiadas da atualidade.
- A música de abertura é curta e propositalmente estranha, refletindo o espírito excêntrico de Saul.
Conclusão
Better Call Saul é uma obra-prima da televisão moderna. Muito mais que um prequel de Breaking Bad, a série constrói seu próprio legado ao explorar a psicologia humana, os dilemas morais e as consequências de escolhas pequenas e grandes. É uma história sobre perda, identidade e os limites da ética. Para quem busca uma série inteligente, intensa e profundamente humana, Better Call Saul é indispensável.