Antes das versões sombrias e realistas, o Cavaleiro das Trevas ganhou as telas em clima de comédia e exagero — e conquistou uma legião de fãs com o filme de 1966.
Muito antes do tom sombrio de The Dark Knight ou da abordagem realista dos filmes dirigidos por Matt Reeves, Batman já havia conquistado o cinema em uma versão bastante peculiar e inesquecível: o irreverente e colorido “Batman: O Homem-Morcego”, de 1966.
Baseado na popular série de TV da época, o longa-metragem foi lançado como um derivado direto do sucesso televisivo, trazendo de volta Adam West como Batman e Burt Ward como Robin. O filme foi dirigido por Leslie H. Martinson e chegou aos cinemas no mesmo ano da estreia da série, servindo também como uma espécie de piloto estendido em formato cinematográfico.
Uma trama absurda e deliciosamente exagerada
A história acompanha Batman e Robin enquanto tentam frustrar os planos de um quarteto de supervilões formado por Coringa (Cesar Romero), Pinguim (Burgess Meredith), Charada (Frank Gorshin) e Mulher-Gato (Lee Meriwether). O grupo, reunido sob a alcunha de “União dos Vilões”, rouba uma arma desidratadora com a intenção de dominar o mundo, transformando líderes mundiais em pó.
A trama, propositalmente absurda, é recheada de trocadilhos, invenções mirabolantes como o “Bat-repelente de tubarões” e perseguições que misturam ação e comédia pastelão. Ao contrário das versões mais recentes do herói, o longa de 1966 abraça a caricatura com entusiasmo, apostando em onomatopeias na tela (“POW!”, “ZAP!”, “BANG!”) e um visual psicodélico, típico da década de 1960.
O legado do filme
“Batman: O Homem-Morcego” foi recebido com entusiasmo pelos fãs da série e se tornou um símbolo da chamada era camp — um estilo estético marcado pelo exagero, pelo humor irônico e pela auto-paródia. Embora hoje seja visto com certo distanciamento pelas gerações mais acostumadas com o Batman sombrio, o filme é considerado um marco na popularização do personagem fora das histórias em quadrinhos.
Adam West, com sua postura austera e falas exageradamente sérias diante das situações mais bizarras, eternizou uma das versões mais icônicas do herói. O filme ajudou a consolidar o Batman como um nome forte na cultura pop, muito antes da revolução trazida por Tim Burton nos anos 1980.
Curiosidades de bastidores
- O filme foi rodado com orçamento modesto e produzido às pressas para aproveitar o sucesso da série de TV.
- A atriz Lee Meriwether interpretou a Mulher-Gato apenas neste filme. Nas séries, o papel ficou com Julie Newmar e posteriormente Eartha Kitt.
- Cesar Romero se recusou a raspar o bigode para interpretar o Coringa, então sua maquiagem foi aplicada por cima dos pelos faciais — algo visível em algumas cenas.
Um Batman para rir e se lembrar
Se hoje a imagem mais popular do Batman é a do justiceiro solitário, assombrado por seu passado e envolvido em dilemas morais profundos, é importante lembrar que nem sempre foi assim. Batman: O Homem-Morcego (1966) representa um momento único e divertido da história do personagem, onde o foco era entreter com humor, cor e excentricidade.
O filme permanece como uma cápsula do tempo — um registro de uma era mais leve e despreocupada, em que super-heróis também podiam rir de si mesmos. E, por isso mesmo, segue relevante, nostálgico e cultuado até hoje.